“A Base Nacional Curricular Comum (BNCC) prevê a arte como parte do desenvolvimento infantil, pois elas são uma das responsáveis por iniciar a formação cultural e a construção de habilidades sensitivas e emotivas nas crianças, no que envolve o campo de experiência com traços, sons, cores e formas”. Porém, historicamente, a arte nem sempre recebe a devida importância, é muitas vezes tratada como algo secundário e pouco importante na formação do indivíduo.
Em suas construções teóricas, o próprio Sigmund Freud faz muitas referências à arte, algumas diretamente relativas ao artista e ao processo criativo, outras se preocupando mais especificamente com a própria obra e ainda, aqueles estudos dirigidos aos efeitos que as artes produzem em quem é tocado por elas.
Se olharmos o campo da educação do ponto de vista da psicanálise precisamos estar sensíveis a relevância da mesma no que tange a formação dos sujeitos.
A infância e adolescência são períodos muito propícios a percepção das próprias emoções, as crianças e adolescentes estão vivenciando e entendendo seus afetos, percebendo a responsabilidade pelas próprias atitudes e compreendendo o funcionamento do mundo à sua volta.
A arte, como o teatro, desenho, música, dança, entre outros, podem ajudar a expressão de sentimentos e o desenvolvimento de autocontrole sobre eles. Mas, o desenvolvimento intelectual e crítico também são trabalhados a partir desse recurso, na imaginação é possível captar a realidade com a própria visão de mundo e construir sua identidade, consequentemente o estudante se torna mais criativo, o que aguça sua curiosidade pela aprendizagem e seu espírito crítico.
Para os pequenos, a habilidade de escrita na alfabetização pode ser mais simples com o desenvolvimento de coordenação motora anterior. Já os adolescentes podem ampliar seu repertório com a arte, conhecer diferentes culturas e por meio da música, teatro e dança, principalmente, exploram a sensibilidade e afloram seus sentidos.
No período de desenvolvimento infantil é comum que as crianças não consigam diferenciar tão bem outros de si mesmas e a arte ajuda na independência e interpretação com o mundo. Além disso, ela amplia o autoconhecimento.
Como já foi dito anteriormente, a música, dança e teatro permitem que o estudante explore o próprio corpo, reconhecendo suas habilidades e limitações, melhorando a expressão e aprendendo a controlar a linguagem corporal. Manifestando também sentimentos e pensamentos que não são capazes de verbalizar.
Deste modo, fazemos a ampla defesa de que o trabalho com as artes seja devidamente valorizado, com contratação de profissionais, aulas específicas, oficinas, e todo material de apoio necessário.
Um país que não investe na cultura, no espírito crítico e na criatividade é um país sem cidadania.