Acompanhar os filhos durante sua jornada na escola pode ser uma delícia ao mesmo tempo em que é viver sob constante tensão. Isso porque lembramos da nossa própria caminhada e vê-los vivendo o mesmo e superando seus limites é motivo de orgulho.
São muitos os desafios da maternidade, principalmente quando os filhos já são adolescentes. É o ambíguo momento em que tentamos apoiar suas próprias decisões enquanto depositamos muito das nossas expectativas pessoais neles. Nelas, torcemos para que trilhem um caminho diferente do nosso: tranquilo e com o mínimo de percalços possível. Até porque, que família, quando tem seus filhos, sonha ou planeja um caminho pedregoso?
Dentro das nossas expectativas, encontramos uma vida incrível para nossos príncipes e princesas, mas cientes dos diferentes desafios que eles vão encontrar. E com quem nós contamos para lidar com esse desafio?
O caminho que os leva à escolarização cumpre a função de transformá-los em cidadãos, o que é fundamental para suas vidas. Mas o caminho do crescimento implica várias outras questões. E é sobre algumas dessas questões que serão abordadas nesse texto, mais especificamente, sobre a depressão e a ansiedade na infância e na adolescência.
Com isso, minha intenção é fazer com que ao menos cada pai e cada mãe que esteja lendo reflita sobre dois pontos. Para chegar a eles, proponho duas reflexões:
- Que lugar seus filhos ocupam no seu conjunto de sonhos e desenhos?
- Como ajudá-los a enfrentar os momentos difíceis que podem aparecer no seu trajeto?
Tendo esses aspectos em mente, podemos discutir sobre a influência que as transformações causam na sociedade, especialmente com o impacto das tecnologia e mídias sociais. O que você acha?
Eu diria que esses impactos resultam em:
-> excesso e velocidade no uso da internet e na criação de laços pessoais;
-> padrões de consumo e padrões estéticos altíssimos que escravizam e forçam as pessoas a encontrarem sua “tribo” para que não sejam excluídas, trazendo frustração àqueles que não conseguem alcançá-los;
-> a felicidade como imperativo do consumo que intensifica a fetichização dos produtos, ou seja, a naturalização de algo que é social, uma mercadoria que é perseguida e desejada por todos;
-> imperativo da performance, trazendo mais uma vez a criação de metas e expectativas a serem atingidas na vida sexual dos jovens;
-> relações virtuais aumentando e presenciais diminuindo, o que não demonstra ser algo ruim como um todo;
-> instabilidade e insegurança nas relações sociais, no modo de viver, no modo de agir, ao tomar decisões. As pessoas não estão vivendo, mas sim existindo com medo.
Além disso tudo, precisamos considerar a influência que a pandemia tem. Digo que ainda não temos condições de avaliar os efeitos com precisão, mas é certo que tem um período de muitas adaptações, isolamento, tristezas e impactos da saúde mental. Por conta disso, cresceu o número de atendimentos psicológicos.
Dito isso, vamos abordar a ansiedade e a depressão. Como defini-las?
A ansiedade é um quadro patológico que provoca no sujeito uma preocupação exagerada sobre situações do cotidiano que podem se transformar em gatilhos de disparos para sintomas de embaraço que prejudicam a interação social e o desempenho em público. Ela causa enorme sofrimento e seus sintomas estão relacionados a todas as exigências que são feitas por eles próprios ou por outras pessoas ou circunstâncias: internet, escola, amigos, família.
A depressão já é uma posição melancólica. Na maioria das vezes caracterizada por tristeza profunda persistente e aversão a atividades. Pode afetar os pensamentos, comportamentos, sentimentos e o bem estar de uma pessoa. As pessoas deprimidas podem sentir-se tristes, ansiosas, desesperadas, vazias, preocupadas, impotentes, inúteis, culpadas, irritadas, magoadas ou inquietas. Podem perder o interesse em atividades que antes eram prazerosas, podem perder o apetite ou comer demais, apresentar problemas de concentração, dificuldade para lembrar detalhes ou tomar decisões e podem contemplar ou tentar suicídio. Além disso, podem apresentar problemas de insônia, sono excessivo, fadiga, perda de energia, mudança na alimentação, sofrimento, dores ou problemas digestivos resistentes a tratamento também podem estar presentes.
No entanto, ao perceber que seu filho ou filha tem dificuldades, você pode recorrer a um contato com os profissionais da escola, profissionais externos, acompanhamento próximo e utilizar recursos como a escuta e o diálogo.
- Gostaria de ressaltar que a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em parceria com outras instituições brasileiras como a CVV (Centro de
Valorização da Vida), lançou o programa “Pode Falar”, em www.podefalar.org.br, que é um “canal anônimo de escuta”, destinado a adolescentes e jovens entre 13 e 24 anos, com o objetivo de reduzir a violência e abuso infanto-juvenil, autolesões, tentativas e finalizações de suicídios.
- Para acessar o telefone de atendimento da CVV (Centro de Valorização da Vida), ligue 188, que atende 24h a pessoas que estão sofrendo e com pensamentos suicidas.
Por fim, gostaria de indicar 3 filmes que tratam de maneira leve sobre o tema da adolescência.
- Ele é demais (2021)
- Confissões de uma garota excluída (2021)
- Diários de Intercâmbio (2021)