Em uma entrevista, é esperado que haja elementos referentes àquilo que o entrevistado conhece, ouviu falar e que também imagina, relacionados à psicologia e ao trabalho do psicólogo, de maneira geral. Considerando-se tais elementos, torna-se mais simples entender os comportamentos referentes ao paciente e o que precisa ser trabalhado. Na entrevista é de fundamental importância uma efetiva interação interpessoal, com o psicólogo apresentando seus questionamentos, observando e escutando o indivíduo entrevistado. A condução do processo requer possibilidades efetivas de escuta, acolhimento e elaboração de hipóteses diagnósticas a respeito do caso.
Durante a entrevista, há elementos de fundamental importância nos quais o psicólogo deve se atenter: aos gestos, a postura corporal, o tom de voz, a aparência, a posição na cadeira; ou seja, aspectos não verbais que fornecem segurança ao entrevistado e colaboram para a entrevista fluir de forma natural. Desse modo, a atenção e sua demonstração em relação aos seus próprios sentimentos durante a entrevista são muito importantes, pois fenômenos como a transferência e a contratransferência fazem parte de todo relacionamento interpessoal e possivelmente irão existir no processo de entrevista.
Enquanto isso, no ambiente escolar este método é frequentemente utilizado, porém há poucos estudos em relação a essa técnica dirigidos ao contexto escolar, especialmente como subsídio para estagiários, já que a entrevista é automaticamente relacionada com a área clínica ou a de pesquisa. Apesar da escassez de estudos a respeito do tema, a entrevista escolar persiste tendo sua devida importância no contexto educacional.
Em relação a entrevista mais especificamente no contexto escolar é essencial, antes de qualquer passo, a compreensão da situação vivenciada pelo adolescente e sua família. A análise de episódios marcantes como advertências, repetências, expulsões, facilidades e dificuldades em avaliações, matérias de maior e menor preferência e relacionamento com professor e colegas são de fundamental relevância para o psicólogo escolar na análise da queixa emergente a respeito do aluno.
O psicólogo escolar tem a possibilidade de fazer um encaminhamento, mas sempre vai fazer uma entrevista com os pais ou responsáveis do adolescente. Torna-se essencial, portanto, compreender a dinâmica e o modo de funcionamento familiar para entender suas inter-relações com a escola. Ademais, cabe à utilização de um roteiro de anamnese que procure investigar os diversos aspectos do seu desenvolvimento, a inserção do jovem neste contexto e o significado da escolarização para esse aluno. Na avaliação psicológica de um adolescente, o posicionamento deste no grupo, o relacionamento com os professores e atitudes diante das tarefas propostas merecem uma maior atenção.