Há várias opiniões divergentes em relação ao novo ensino médio. Como profissionais da psicologia escolar, devemos buscar entender a funcionalidade e consequência de tal decisão para os estudantes em relação ao ambiente social que vivem.
Uma das principais críticas têm sido os itinerários formativos, os quais limitam o aprendizado do indivíduo em apenas uma determinada área. Os alunos que se encontram com baixas condições socioeconômicas são geralmente impedidos de fazer “escolhas” e essa formação diminuta pode apenas elevar as injustiças e desigualdades que serão produzidas e legitimadas pelo próprio campo educacional. Isso nega a possibilidade dos jovens acessarem todo o conhecimento que deveria ser oferecido a eles, por direito.
A própria filosofia e sociologia, por exemplo, são disciplinas que incentivam o desenvolvimento de raciocínio e pensamento crítico. Contudo, não sendo obrigatórias, esse trabalho se torna mais difícil, principalmente em adolescentes provenientes da pobreza. As escolas também não serão obrigadas a oferecer todos os itinerários, limitando ainda mais a escolha do estudante, então, é provável que as instituições optem mais por linguagens e ciências humanas que não precisam necessariamente de laboratórios.
Além disso, o aumento da carga horária gera dificuldades ao estudante que necessita trabalhar para ajudar a família. A carga horária obrigatória foi de 800 para 1400 horas semanais, o que significa que a escola irá se tornar “integra”l.
Com isso, adolescentes que não têm a “escolha” de apenas estudar e possuem outros deveres como ajudar a colocar comida na mesa, possivelmente cuidar de seu bebê ou moram em áreas rurais com grandes distâncias irão sair da escola sem terminar o ensino médio, ou seja, é provável que tenhamos um grande índice de evasão escolar por conta disso.
A maioria das escolas públicas se encontra em péssimo estado, precisando com urgência de reparos. Entretanto, com a reforma do ensino médio, todas as escolas precisarão de uma estrutura muito maior para atender todos os estudantes em tempo integral e fazer a divisão dos itinerários formativos. O governo prometeu direcionar uma grande quantia de investimento para essas melhorias, mas a pergunta é: será que esse investimento vai chegar em todas as instituições de ensino?