Os dados de violência escolar em 2019 foram alarmantes, considerando que 81% de estudantes e 90% de professores de escolas estaduais têm conhecimento de violência na escola que estudam/trabalham em relação a este ano. Em 2020, com o início da pandemia, os jovens foram afastados do ambiente escolar e agora em 2022, o retorno oficial das aulas presenciais mostrou um aumento significativo no número de atos infracionais cometidos dentro das instituições de ensino. Um levantamento feito no Distrito Federal, calculou em média 3 atos infracionais a cada dia dentro da escola.
Mas o que nós, como psicólogos escolares podemos fazer para interferir nesse cenário?
Primeiro, deve existir a escuta e acolhimento. Nessa situação, precisamos manter o equilíbrio, pois, mesmo com o medo presente, devemos lembrar que aqueles alunos com comportamentos agressivos, estiveram alijados da socialização escolar e muitos outros fatores decorrentes da pandemia da Covid-19. Questões econômicas e familiares se agravaram consideravelmente e tudo isso causa ansiedade e angústia no jovem que além desses problemas, não foi acompanhado por profissionais que poderiam auxiliá-lo dentro do ambiente acadêmico. Por isso, é importante promovermos espaço para uma conversa tanto com os alunos agredidos como também com os agressores, que também precisam de acolhimento naquele momento.
Conversar com os pais e aproximá-los da escola ajuda a entendermos como funciona a dinâmica familiar e orientá-los. O livro de Elisama Santos, Educação não Violenta, pode ser utilizado em um Café Literário para famílias, já que orienta no estabelecimento de uma relação de diálogo e respeito com os filhos, estimulando a autonomia, resiliência e autodisciplina. Afinal, os jovens se tornam agressivos, normalmente, por conviverem em ambientes violentos, pois absorvem para si a atmosfera ali presente e acabam por se expressar dessa forma com professores e colegas. Essa aproximação da escola com os responsáveis gera um vínculo de confiança, podendo haver a mudança de postura dentro de casa, o que facilita muito o trabalho da instituição de ensino.
Além disso, a orientação com os professores também é fundamental. Afinal, eles podem ser vítimas de violência e é compreensível que não se sintam seguros no ambiente de trabalho. Portanto, o ideal é que haja dinâmicas que aproximem o grupo de professores e eles sintam a confiança e proteção da escola. Após isso, devemos conversar e explicar que os alunos chegando agora não tem a maturidade compatível de alunos daquelas séries, pois não tiveram o ambiente escolar para desenvolver suas habilidades socioemocionais e é por isso que o trabalho de paciência se multiplica. Na adolescência, principalmente, estamos a procura de nossa identidade. Para construí-la há bastante conflito interno, o que gera raiva e consequentemente agressividade. Temos que resgatar essa lembrança nos professores, que por sua vez, já foram adolescentes, para trabalhar a empatia por aquele jovem hostil, que teve seu momento de puberdade ainda mais prejudicado com o período pandêmico.
Gostou? Na minha imersão irei dar mais detalhes sobre dinâmicas a serem trabalhadas e você encontrará as informações sobre a mesma no link da minha bio, no Instagram . É uma oferta e oportunidade imperdível para aprender sobre vários tipos de projetos escolares e dinâmicas que ajudam, dentre outros temas, no combate a violência escolar estimulando a aprendizagem de habilidades socioemocionais.